Resumo aqui para todos os felizardos que NÃO foram à Cinemateca ver o filme "Song of the rivers" do que se tratava aquela obra de arte.
"Início: Imagens em preto e branco mostram as maravilhas do mundo "moderno" e gente muito feia (linhas de montagem de carros, operários chamuscados e mulheres em máquinas de tecer). O narrador exalta a força do ser humano em mudar o mundo com o suor do seu trabalho. Progresso e prosperidade. É reproduzida pela primeira vez a música-tema do filme, que viria a ser repetida umas 8 vezes no mínimo, cantada por um senhor negro com voz de trombone...
Karl Marx aprovaria a ideia, ao contrário do senhor que está sentado atrás de nós, que emite o primeiro dos seus muitos ruídos em desaprovação ao filme, dando a entender que de facto o filme começava a lhe causar dores físicas. O filme então menciona qualquer coisa a respeito do rio Mississippi... Entra a música-tema, com Mississippi na letra.
Há então o primeiro dos muitos cortes súbitos na edição do filme, (daqueles cortes que ou assustam ou causam risos!!) e passamos a ver a pobreza no resto do mundo como se fosse APENAS culpa dos prósperos capitalistas. São mostrados os rios Nilo, Ganges, Yangtse e Volga. Ao menos se toda essa informação inútil fosse pedida em exame!! Mais quatro ou cinco repetições do homem-trombone, cada vez mudando-se a letra da canção de acordo com o rio em questão.
Meio: Depois de mostrada a pobreza, o narrador nos oferece a solução mágica!! Não, não é o Orçamento de Estado, é simplesmente juntar-se a um sindicato!!!!!! Ora, é claro!! Há então um congresso mundial da classe operária em Viena, Áustria, e por 30 minutos o narrador limita-se a dizer nomes de pessoas e países de origem de alguns sindicalistas participantes... Não menciona Portugal, o que causa outro surto de dor repentina ao senhor atrás de nós, principalmente quando Espanha (pasmem!!) é mencionada. O Brasil, meu país querido, parece estar muito bem representado neste Congresso, por um... taxista??!!
Fim: Homem-trombone canta mais duas vezes, vemos o rio Amazonas e os índios brasileiros, o Congresso vai muito bem, obrigado, todos ficam felizes, trocam presentes e outros souvenires e fica a promessa de que o mundo nunca mais será o mesmo, porque os operários sabem da sua força colectiva e que suas mãos, sejam brancas, amarelas ou negras, são as mãos que moldam o mundo! Mal sabem eles..."
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